quinta-feira, 30 de julho de 2015

Feitiço Feito

Num dia, um dia qualquer
Eu devorava minha presa com o olhar
E beijava aquela sua boca de forma vulgar
E me perdia naquele cheiro,
Feitiço feito pra me atormentar

Entrelaçando nós que estavam desatando
Com um tanto de encanto que não reconhecia
E prendia! E sugava sua vitalidade
De forma quase lírica
E com um 'quê' de não se importar

Se sentir sufocando,
Liberto no espaço de dois corpos
Mas preso no abismo do tempo
Que abriga ou acoberta
A ilusão de ter controle

Ainda continuo te devorando,
Me perdendo no feitiço feito
E correndo contra a brisa
Que trás de volta na sua sintonia
Toda a insanidade trancafiada, quase perdida


Insanidade

A intensidade é um defeito
Ou um meio de pessoas como eu sobreviver?

Errada! Que crê não viver o suficiente
E tem medo de tudo do agora acabar!

Dependente e viciada,
Numa intensidade que é incompreensível

E há a necessidade da urgência,
Como se estivesse em contagem regressiva pro fim.

E não tem nada no pensamento
Nem pausa, nem calma, nem reticências...

Porque se o tempo não fosse sentido
E não fosse contabilizado,
A urgência vital
E a intensidade insana
Seriam apenas reflexo
Que voltam em par,
Em cor, em tom e em cheiro




quarta-feira, 22 de julho de 2015

E voltar ...

Já morri de amor inúmeras vezes
Tantas sem ar, outras sem chão!
De sufoco e sossego,
Mãos dadas ou até mesmo sem ser.
Cúmplices ou desconhecidos.
Barreiras intransponíveis ou de vidro.



Já morri tantas vezes!
Tantas vezes que nem ligo
De ser reflexo sem visão
De ter cicatrizes a esquecer
De me doar
E voltar a morrer!

quinta-feira, 16 de julho de 2015

O amor é um velho

Um velho sábio me falou sobre anunciação,
Como o frio que avisa sua chegada
Avermelhando o azul do céu!

Tanto me ensinou nesses breves momentos
Mas não sei ao certo quanto absorvi
Porém, de tudo aquilo que me falou,
(Com aquela ternura no olhar)
Sempre me vem a mente
A temporal questão de amar.

Que nos seus singelos gestos
Se firma "questão não há"
Não se há questão em amar
Já é completo (e simples) por si só.

O velho me contava
Que a questão era o tempo,
A questão eram os outros, ele mesmo!

O amor, dizia ele, era singular
Um simples fato,
Cercado de questões em sua órbita.

Mas o velho, durante nossa jornada,
Sempre me lembrava de atentar meu olhar
Para aquilo que é simples
Me pedia pra não me preocupar
Pois as questões se tornam findas
Quando o completo e simples chega

Ele me dizia que era velho
E que valor não mais havia
Mas eu via nele tanta riqueza
Nos olhos, nas palavras, nos gestos...
Que percebi que além de completo e simples
O amor é um velho e humilde sábio



quarta-feira, 8 de julho de 2015

Alheio

Será que é possível morrer de amores num dia
E no outro desejar nunca ter te conhecido?
Nessas horas é que a frase me faz sentido
"Lhe tenho amor, lhe tenho horror..."
Porque às vezes é um sentimento tão alheio
Que nem sei...

Isso me enlouquece.
É uma confusão tão grande,
amor e desamor entrelaçados
e unidos em nó.

Cabe a esperança de desatar os nós
E que a paciência não finde.