terça-feira, 22 de dezembro de 2015

No bar


Estávamos nós duas sentadas num bar de esquina
Acompanhadas da banalidade de uma sexta-feira 
Terceiro copo de cerveja, algumas risadas
E algumas reclamações também, por que não?!
Vomitamos uns perrengues da semana,
Contamos nossas novas desistências,
Falamos novamente das nossas descrenças,
Rimos após voltar ao senso comum
Contamos novidades, nossas e dos outros
Brindamos, não calávamos a boca!
Rimos mais, brindamos mais...
Às vezes uma sexta-feira com meia dúzia de copos de cerveja,
Um amigo, boas histórias e estar em casa para dormir as 23h
É tudo que precisamos para encerrar uma semana


quarta-feira, 11 de novembro de 2015



Vem cá, um minutinho só!
Me envolve em seus abraços
Como se algo estivesse por escapar...
Você pode simplesmente,
Me beijar a boca como de costume
E me olhar com aquele brilho no olhar?
De novo e de novo e de novo?
Juro que não vou me cansar,
Vou deixar você ler a alma
E fazer morada com tua paz
Talvez seja mais que um minutinho
Mas quem se importa? Já tirei o relógio





Ela é o silêncio na casa
Presente, mas por vezes quieta
Mas se eu chego em casa
E ouço uma música e sua voz
Descubro que é a própria paz

A simplicidade e a felicidade, na verdade,
Moram no sorriso de um velho coração

Foto: Verônica Lima

Estava aguardando a chegada do sol
Pés descalços, cabelos bagunçados,
Barra do vestido na mão, a música lendo a alma
O corpo se misturando ao horizonte
A dança sincera emanando
O sorriso solto e olhos fechados
Coração batendo no compasso das ondas
Naquele momento:
Sol, música, vento, mar e ela eram um



Sol sob a pele branquinha
Água do mar gelada, aquecendo
Pés fincados na areia, criando raízes ali
Sensação rara de pertencer a algum lugar
De estar no momento certo, no lugar certo
Riso solto, cabelos ao vento, paz no ser


Pode ir menina,
Só olha pra trás pra me ver dizendo tchau
Esse mundo é pequeno perto dos teus sonhos
Preto e branco perto do seu sorriso.
Vá descalço, despida de alma
Tá esperando o que pra encontrar o acaso?


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Talvez




Talvez eu abrisse mão
De tanta poesia que me é natural
Se eu pudesse escrever apenas um verso
Que te fizesse despertar o amor
Que me fizesse ser o alvo
Que nos fizesse mais felizes do que fomos
Mais apaixonados do que fomos
Sem final, como o que tivemos
Talvez não! Tenho certeza sim!




quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Cigana

De fato, era uma miragem!
Nunca meus castanhos olhos
Se hipnotizaram tanto!

Era eu, até então num lugar desconhecido,
E foi a música quem me convidou!
Me aproximei, e logo me encantei
Era uma festa, de ritmo e cores!

Alguns minutos vagando em volta
E lá estava ela, dançando...
Uma cigana, da qual o rosto não se via
E nem precisava, todo o seu poder e beleza
Emanavam de sua dança

Era liberdade, leveza, dor e alegria
Tudo preso naquele pequeno corpo
Que se contorcia, que se esticava
Que se expressava e agora também
Me prendia

Fiquei a noite toda estático: mudo e imóvel...
Meus olhos e passos apenas seguiam sua dança!





terça-feira, 15 de setembro de 2015

Catador

Vagava pelas ruas, sujo
Tinha uma mala vermelha
O olhar perdido e a pele manchada
O povo da redondeza dizia que era andarilho
Inventor de histórias,  ladrão!
Ele era apenas um catador
Abria sorriso e ouvidos àqueles que lhe estendiam a mão
E em troca, ele dava alívio
Em sua mala, carregava alma
Ele era um catador
Cata dor em troca de amor


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Meu, seu



Os meus tortos e os seus alinhados 
O meu medo e a sua coragem
O meu céu limpo, o seu estrelado
Minhas poucas palavras, sua risada
Meu jeito sério,  seu jeito bobo
Tudo parece desencontro
E num relapso, é complemento!





segunda-feira, 31 de agosto de 2015

E ela dançou ...

Eu tinha um certo receio em me jogar
Ia até uma altura confortável e saia
Mas hoje, resolvi me jogar
Não havia altura confortável pra mim
Me joguei! Esvaziei a mente e flutuei
Senti em meus ossos, vibrações leves
Meus pés em ponta, em nuvens
Meus braços, antes tensos, eram plumas
Dancei, mais livre do que nunca!

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Saudade

Eu adormeci por alguns minutos
E ali você se materializou,
De pé em frente à mim,
com aquele riso de lado, 
a piscada de olhos pra dizer que tá tudo bem.
E então me beijou a testa, como de costume,
E em seguida me beijou a boca;
Foi como voltar ao nosso primeiro beijo!
Aquela sensação louca de que "já era",
você tinha me ganho!
E vi aquele mundo de cores vibrantes de novo.
Não nos falamos, apenas nossos olhos em troca
E pra mim isso poderia ser o novo significado de eternidade,
Pois era ali, naquele olhar, que eu queria morar.
E entre a troca de toques e encostar dos lábios
Desperto!

Meio confusa, abro os olhos
Estou de novo num mundo de cores apagadas,
Olho pros lados procurando algo,
Está tudo brando, tudo calmo.
Saudade sim, mas ar também.
E assim segui, sem sufocar.
Saudade assim não sufoca e não mata!
E foi assim, a saudade ficou ali e eu fui.
Pois agora tem muito além do vazio que ficou...



segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Aquela

Gostava dela assim,
Sem poses, sem passos calculados.
Ela ali, em meio a roda,
Conversando, rindo...
Tão espontânea que dói aos olhos
Radiante: sorriso, gestos, cabelos.
Tão louca que me aflige,
Me entorpece, hipnotiza!

Cá estou eu, sentado fumando ao longe
Admirando-a como se fosse uma pintura
Rindo da sua risada,
Sentindo o toque enroscado do seu cabelo
Cada vez que ela o toca,
Desejando ser aquela cerveja
Que ela beberica a noite toda, quente.
É esse conjunto estranho que prende
Que me faz não conseguir nem raciocinar.

E sabe o que é melhor?!
Depois de todo esse tempo
Eu ainda olho pra ela do mesmo jeito
E quando ela vem ao meu encontro,
Pra me beijar a boca com ternura
- Ou com uma vontade animal -
É o ápice!

Aquela que tantas coisas me desperta
Volta à mim, me faz querer ser merecedor
De cada sorriso, de cada gesto, cada loucura
E de não ter motivos para não estar

Imagem: https://naahneves.files.wordpress.com/2011/06/tumblr_lc1yx6wvvj1qe72f7o1_500.jpg

sábado, 15 de agosto de 2015

Aqueles olhos

E ouvi um pedido de desculpas
E pela primeira vez vi aqueles olhos me enganarem
Palavras não paravam de sair, uma enxurrada!
E eu deveria dizer o que? Realmente importava?
Alguém queria ouvir o que eu tinha a dizer?
Ouvi, tudo, pacientemente.
Novo pedido de desculpas...
Os mesmos olhos enganando...
E afinal, o que havia a ser desculpado?!

Talvez eu devesse desculpar essa saída fajuta
Esse escapismo querendo transparecer real.
Mas no fim, não conseguia nem ver mais
Aqueles olhos que me enfeitiçaram,
Que me despiram, me sufocaram.
Permaneço então, desde a enxurrada,
molhada, com frio, fome e sede..
E com aqueles olhos, enganadores,
A me perseguir, e a cansar os meus...




quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Laços

Mais um laço pra coleção.
Não é lá uma coleção muito vasta,
Existem alguns, raros e memoráveis laços.
Desatados ou ainda presos por um triz.

E para cada um que eu olho, me recordo
Laços e risos, laços e choros, laços e vidas;
Vindas, idas, voltas, desatados.

Alguns, confesso, não me recordo sempre
Apenas quando abro esta caixa
Alguns estão velhos e desbotados,
Outros são tão novos que me aperta o coração
Mistura-los, fecha-los, esquece-los (?)

Mas assim vou encaixando esse novo laço
Entre tantas outras histórias,
Outros tons, formatos, tamanhos e cheiros...

Logo, eu sei, será mais um laço
Mas enquanto seu nó ainda esta forte
Prefiro assim, guardar a coleção
Fora do alcance dos olhos, mente e coração.





terça-feira, 11 de agosto de 2015

Culpa

Culpa de ninguém,
A vida é mesmo assim...

Sem ser necessário compreender!




Capítulo


E como se houvesse tido mesmo qualquer livro
O capítulo se encerra...

E diferente do que o grande público pede
Não tem um ponto final precedido de Final Feliz.

Tem a vida, e tudo de mais natural que acontece...

Tem uma despedida, talvez nem tão grandiosa quanto se quisesse.

Mas teve cor, som, perfume e até sorriso!
E teve história, mesmo que fosse apenas discurso de uma ilusão...




sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Vai




Vai! Arranca a roupa
Joga esse cinismo pra lá.
Vai! Que ter certeza do acaso
É quase o mesmo que jogar roleta russa.
Vai! Que essa tua pressa do amanhã seria degradê
Se não piscasse num tom de vermelho insano
Vai! Diz mais que tua boca abriga,
Que castiga, que zomba, denuncia..
Vai! Coragem! Que esse filtro imaginário
Mais calou do que vingou,
Mais omitiu do que foi sincero,
Mais aprisionou do que deixou ser.
Então vai! Mas leva essas vontades,
Essas mordaças, esses quereres, esses devaneios.
Vai!

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A Obra

Vai ali, de segunda a segunda
Passa pela feira, cheiro de agrião
Céu azul, rara estrela
Cacos e cascalhos pelo chão
Na obra é sempre assim:
Uma bela e caótica confusão!

Vagam retalhos, rebocos e vigas...
Aos pedaços, aquilo que se joga fora
Aquilo que se assemelha tanto a coração
Torto, retorcido, esmagado e deixado de canto.
Na obra é sempre assim:
O conjunto inebriante de rasgos indolor (?)

Uma imensidão de concreto acima,
De janelas, portas, vidros e vida!
Mas ainda aqui no chão tem tudo o que não ergueu;
Tudo que ficou, sem opção, sem escolha.
Na obra é sempre assim:
De olhos no céu, pés esmagando coração no chão

Mas na obra...



É sempre assim!

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Canto





Que sentada naquele canto
Teimava que o encanto se desfizesse,
Que os mistérios se tornassem visão
E que a deixassem em paz
Na troca de olhar.

Só queria estar, sem pertencer!
Que estar sentada em algum canto
Fosse alento pros corações de quem a procura
E não atingem muito mais que superfície.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Feitiço Feito

Num dia, um dia qualquer
Eu devorava minha presa com o olhar
E beijava aquela sua boca de forma vulgar
E me perdia naquele cheiro,
Feitiço feito pra me atormentar

Entrelaçando nós que estavam desatando
Com um tanto de encanto que não reconhecia
E prendia! E sugava sua vitalidade
De forma quase lírica
E com um 'quê' de não se importar

Se sentir sufocando,
Liberto no espaço de dois corpos
Mas preso no abismo do tempo
Que abriga ou acoberta
A ilusão de ter controle

Ainda continuo te devorando,
Me perdendo no feitiço feito
E correndo contra a brisa
Que trás de volta na sua sintonia
Toda a insanidade trancafiada, quase perdida


Insanidade

A intensidade é um defeito
Ou um meio de pessoas como eu sobreviver?

Errada! Que crê não viver o suficiente
E tem medo de tudo do agora acabar!

Dependente e viciada,
Numa intensidade que é incompreensível

E há a necessidade da urgência,
Como se estivesse em contagem regressiva pro fim.

E não tem nada no pensamento
Nem pausa, nem calma, nem reticências...

Porque se o tempo não fosse sentido
E não fosse contabilizado,
A urgência vital
E a intensidade insana
Seriam apenas reflexo
Que voltam em par,
Em cor, em tom e em cheiro




quarta-feira, 22 de julho de 2015

E voltar ...

Já morri de amor inúmeras vezes
Tantas sem ar, outras sem chão!
De sufoco e sossego,
Mãos dadas ou até mesmo sem ser.
Cúmplices ou desconhecidos.
Barreiras intransponíveis ou de vidro.



Já morri tantas vezes!
Tantas vezes que nem ligo
De ser reflexo sem visão
De ter cicatrizes a esquecer
De me doar
E voltar a morrer!

quinta-feira, 16 de julho de 2015

O amor é um velho

Um velho sábio me falou sobre anunciação,
Como o frio que avisa sua chegada
Avermelhando o azul do céu!

Tanto me ensinou nesses breves momentos
Mas não sei ao certo quanto absorvi
Porém, de tudo aquilo que me falou,
(Com aquela ternura no olhar)
Sempre me vem a mente
A temporal questão de amar.

Que nos seus singelos gestos
Se firma "questão não há"
Não se há questão em amar
Já é completo (e simples) por si só.

O velho me contava
Que a questão era o tempo,
A questão eram os outros, ele mesmo!

O amor, dizia ele, era singular
Um simples fato,
Cercado de questões em sua órbita.

Mas o velho, durante nossa jornada,
Sempre me lembrava de atentar meu olhar
Para aquilo que é simples
Me pedia pra não me preocupar
Pois as questões se tornam findas
Quando o completo e simples chega

Ele me dizia que era velho
E que valor não mais havia
Mas eu via nele tanta riqueza
Nos olhos, nas palavras, nos gestos...
Que percebi que além de completo e simples
O amor é um velho e humilde sábio



quarta-feira, 8 de julho de 2015

Alheio

Será que é possível morrer de amores num dia
E no outro desejar nunca ter te conhecido?
Nessas horas é que a frase me faz sentido
"Lhe tenho amor, lhe tenho horror..."
Porque às vezes é um sentimento tão alheio
Que nem sei...

Isso me enlouquece.
É uma confusão tão grande,
amor e desamor entrelaçados
e unidos em nó.

Cabe a esperança de desatar os nós
E que a paciência não finde.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Despedida

Eu pensei em nós dois.
Lembrei da última vez que nos vimos
Aquela estranheza na troca de olhares,
As mãos sem saber ao certo onde tocar,
Um riso tímido, sem ar de graça.
Meia dúzia de palavras, ligeiramente, vagas.
Despedimo-nos!

Créditos da Imagem: http://entretodasascoisas.com.br/2012/01/23/adeus-voce/

domingo, 24 de maio de 2015

Transborde

Transborde!
Sem jogos fuleiros, sem direção.
Jogo de esconde, primeiros erros,
Quem tem a razão?

Divida uma história cristalina
De olhos nos olhos, sem negação.
Fazer show pra terceiros,
Disputando um picadeiro
Seu próprio vilão.

A disputa não é comigo!
Nem entrei nesse jogo,
Nem faço questão.

Jogos mascarados,
Verdades tecidas não me prendem a atenção.
Transbordo agora só o que é sincero,
Divido sorrisos sem preocupar com aplausos.

E como já transbordo verdades,
Não cabe lugar pra invenções.
Aqui eu só se aceita invento de brincar,
Mas tudo sincero, sem causar mal estar, sem magoar.

Transborde essa energia boa
Contida no pequeno espaço de um abraço.

Crédito da imagem: http://t-r-a-n-s-b-o-r-d-a-m-e.tumblr.com/

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Turbilhão

Confesso que ando em negação:
Me negando e me privando das antigas amarras.

Ando meio de saco cheio, como o popular me ensinou,
Desses limites, dessa obsessão em agradar o outro.

Voltei a me entregar, de forma completa agora,
Àquilo que me é natural - chega de frases clássicas e poses classudas!

Percebi que não me basto na anulação,
Na pretensão de ser do outro, esquecendo de ser mais minha.

Daí me encontram turbilhão pelas ruas,
Cabelos ao vento e dançando com meu cachecol...
De repente é um sorriso tão honesto,
Uma paixão tão verdadeira.

E ai entendi que quem gosta de ar parado
É porque ainda não aprendeu a respirar

E eu, tenho respirado
E tenho ventania
E tenho turbilhão!




quinta-feira, 14 de maio de 2015

Rimas





Pessoas bonitas de rimas
Andam por aí perdidas,
Exibidas, escondidas!

Tracejando em vírgulas,
Repousando em etcetera,
Decorando o cinzento,
Inquietando a arquitetura,
Temperando o sossego.

Pessoas bonitas de rimas
Andam por aí perdidas?


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Nem irão

A gente tem que aprender
Que alguns nãos
Não são autossabotagem
"Não" também pode demonstrar vontade
Inquietude, aceitação do que realmente vale

Somos programados para aceitar tantas coisas
Que de tão natural, tão rotina, nos cega

Mergulhar, se envolver, dar a cara tapa, sim!
Mas saber reconhecer o que não faz bem?!
Necessário!
Estou aprendendo que é uma sensação muito boa
Das poucas tão libertadoras que já senti

E nada também de autopiedade!
Bota logo um sorriso pra espantar o que não soma
Aquilo que vem como passagem,
Brisa pouca que anuncia tempestade
Também serve para curar
E toda ferida que te marca, que te aprofunda
Faz conceber seu destino

Nem toda linha torta te faz errar o caminho
E alguns "nãos" podem até florear e colorir estrada


quinta-feira, 7 de maio de 2015

Votos

Ela:
Agora não sou mais sozinha
Nem tampouco vazia
De agora em diante continuo sendo um
Mas um ao seu lado
Formando par, preenchendo
Agora seremos assim
Eu e você, olhos nos olhos
Não nos desejo mais amor
Pois esse já temos, e de forma tão singular
Nos desejo paciência, compreensão
Mais ouvidos que boca,
Mais respeito que vontade
A partir de agora a vida se encarrega da nossa estrada
E como ela será não importa tanto
Se estivermos como agora,
Olhos nos olhos e fé na gente,
Já dá pra percorre-la pelo menos até a eternidade



Ele:
Não cabe aqui juras, nem firmamentos
Que prevaleça sempre em nosso caminho a esperança
Porque quero continuar sendo seu
E também desejo que continues minha

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Impregnado




Minha casa cheira amores e saudades
Me distraio pintando as unhas de preto,
Fechando a porta do corredor,
Na tentativa de o cheiro não me atingir
De não me contagiar!

Então, pouco tempo depois
As unhas ainda secando,
A porta ainda fechada,
Mas o cheiro chegou até aqui
Está por toda sala, por toda casa

Abro as janelas
Repouso por instantes na varanda
Inspiro buscando outros ares,
Nada adianta!
Amores e saudades impregnam, até na pele.

Procuro minhas chaves.
Saio e tranco a porta:
Se aqui nada faz o cheiro passar
Na rua ele não vai me encontrar.

Estou então pelas ruas do bairro,
Sem rumo, sem impregnação
Sem amores, sem saudades!

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Vão




Bom dia sem café, sem sol, sem pele coberta
Noite passada, música, vinho e chão
Boca amarga e teto breu

Tudo cintila e eu toco o chão
Me movo enquanto meu braço ainda dorme
Dez segundos ali sentada
Encarando o fim da lista de reprodução

Ausência de tom e presença
Imersão na solidão
Mais de quinze minutos no vão da sala

Sem direção
Sem inspiração
Sem obrigação
Sem reflexo