segunda-feira, 31 de agosto de 2015

E ela dançou ...

Eu tinha um certo receio em me jogar
Ia até uma altura confortável e saia
Mas hoje, resolvi me jogar
Não havia altura confortável pra mim
Me joguei! Esvaziei a mente e flutuei
Senti em meus ossos, vibrações leves
Meus pés em ponta, em nuvens
Meus braços, antes tensos, eram plumas
Dancei, mais livre do que nunca!

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Saudade

Eu adormeci por alguns minutos
E ali você se materializou,
De pé em frente à mim,
com aquele riso de lado, 
a piscada de olhos pra dizer que tá tudo bem.
E então me beijou a testa, como de costume,
E em seguida me beijou a boca;
Foi como voltar ao nosso primeiro beijo!
Aquela sensação louca de que "já era",
você tinha me ganho!
E vi aquele mundo de cores vibrantes de novo.
Não nos falamos, apenas nossos olhos em troca
E pra mim isso poderia ser o novo significado de eternidade,
Pois era ali, naquele olhar, que eu queria morar.
E entre a troca de toques e encostar dos lábios
Desperto!

Meio confusa, abro os olhos
Estou de novo num mundo de cores apagadas,
Olho pros lados procurando algo,
Está tudo brando, tudo calmo.
Saudade sim, mas ar também.
E assim segui, sem sufocar.
Saudade assim não sufoca e não mata!
E foi assim, a saudade ficou ali e eu fui.
Pois agora tem muito além do vazio que ficou...



segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Aquela

Gostava dela assim,
Sem poses, sem passos calculados.
Ela ali, em meio a roda,
Conversando, rindo...
Tão espontânea que dói aos olhos
Radiante: sorriso, gestos, cabelos.
Tão louca que me aflige,
Me entorpece, hipnotiza!

Cá estou eu, sentado fumando ao longe
Admirando-a como se fosse uma pintura
Rindo da sua risada,
Sentindo o toque enroscado do seu cabelo
Cada vez que ela o toca,
Desejando ser aquela cerveja
Que ela beberica a noite toda, quente.
É esse conjunto estranho que prende
Que me faz não conseguir nem raciocinar.

E sabe o que é melhor?!
Depois de todo esse tempo
Eu ainda olho pra ela do mesmo jeito
E quando ela vem ao meu encontro,
Pra me beijar a boca com ternura
- Ou com uma vontade animal -
É o ápice!

Aquela que tantas coisas me desperta
Volta à mim, me faz querer ser merecedor
De cada sorriso, de cada gesto, cada loucura
E de não ter motivos para não estar

Imagem: https://naahneves.files.wordpress.com/2011/06/tumblr_lc1yx6wvvj1qe72f7o1_500.jpg

sábado, 15 de agosto de 2015

Aqueles olhos

E ouvi um pedido de desculpas
E pela primeira vez vi aqueles olhos me enganarem
Palavras não paravam de sair, uma enxurrada!
E eu deveria dizer o que? Realmente importava?
Alguém queria ouvir o que eu tinha a dizer?
Ouvi, tudo, pacientemente.
Novo pedido de desculpas...
Os mesmos olhos enganando...
E afinal, o que havia a ser desculpado?!

Talvez eu devesse desculpar essa saída fajuta
Esse escapismo querendo transparecer real.
Mas no fim, não conseguia nem ver mais
Aqueles olhos que me enfeitiçaram,
Que me despiram, me sufocaram.
Permaneço então, desde a enxurrada,
molhada, com frio, fome e sede..
E com aqueles olhos, enganadores,
A me perseguir, e a cansar os meus...




quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Laços

Mais um laço pra coleção.
Não é lá uma coleção muito vasta,
Existem alguns, raros e memoráveis laços.
Desatados ou ainda presos por um triz.

E para cada um que eu olho, me recordo
Laços e risos, laços e choros, laços e vidas;
Vindas, idas, voltas, desatados.

Alguns, confesso, não me recordo sempre
Apenas quando abro esta caixa
Alguns estão velhos e desbotados,
Outros são tão novos que me aperta o coração
Mistura-los, fecha-los, esquece-los (?)

Mas assim vou encaixando esse novo laço
Entre tantas outras histórias,
Outros tons, formatos, tamanhos e cheiros...

Logo, eu sei, será mais um laço
Mas enquanto seu nó ainda esta forte
Prefiro assim, guardar a coleção
Fora do alcance dos olhos, mente e coração.





terça-feira, 11 de agosto de 2015

Culpa

Culpa de ninguém,
A vida é mesmo assim...

Sem ser necessário compreender!




Capítulo


E como se houvesse tido mesmo qualquer livro
O capítulo se encerra...

E diferente do que o grande público pede
Não tem um ponto final precedido de Final Feliz.

Tem a vida, e tudo de mais natural que acontece...

Tem uma despedida, talvez nem tão grandiosa quanto se quisesse.

Mas teve cor, som, perfume e até sorriso!
E teve história, mesmo que fosse apenas discurso de uma ilusão...




sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Vai




Vai! Arranca a roupa
Joga esse cinismo pra lá.
Vai! Que ter certeza do acaso
É quase o mesmo que jogar roleta russa.
Vai! Que essa tua pressa do amanhã seria degradê
Se não piscasse num tom de vermelho insano
Vai! Diz mais que tua boca abriga,
Que castiga, que zomba, denuncia..
Vai! Coragem! Que esse filtro imaginário
Mais calou do que vingou,
Mais omitiu do que foi sincero,
Mais aprisionou do que deixou ser.
Então vai! Mas leva essas vontades,
Essas mordaças, esses quereres, esses devaneios.
Vai!

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A Obra

Vai ali, de segunda a segunda
Passa pela feira, cheiro de agrião
Céu azul, rara estrela
Cacos e cascalhos pelo chão
Na obra é sempre assim:
Uma bela e caótica confusão!

Vagam retalhos, rebocos e vigas...
Aos pedaços, aquilo que se joga fora
Aquilo que se assemelha tanto a coração
Torto, retorcido, esmagado e deixado de canto.
Na obra é sempre assim:
O conjunto inebriante de rasgos indolor (?)

Uma imensidão de concreto acima,
De janelas, portas, vidros e vida!
Mas ainda aqui no chão tem tudo o que não ergueu;
Tudo que ficou, sem opção, sem escolha.
Na obra é sempre assim:
De olhos no céu, pés esmagando coração no chão

Mas na obra...



É sempre assim!

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Canto





Que sentada naquele canto
Teimava que o encanto se desfizesse,
Que os mistérios se tornassem visão
E que a deixassem em paz
Na troca de olhar.

Só queria estar, sem pertencer!
Que estar sentada em algum canto
Fosse alento pros corações de quem a procura
E não atingem muito mais que superfície.